sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A Islândia como laboratório social - merece estudo (não se espere que a mídia mostre)


A Islândia é um país que pouco aparece nos noticiários. Fica ao norte da Europa e tem pouco mais de trezentos mil habitantes. Lá tá rolando uma experiência social que o mundo inteiro deveria se debruçar pra observar, mas que a imprensa mundial esconde em nome dos interesses dos poderes financeiros mundiais, que sustentam todo o aparato de comunicações e os seus barões da mídia, vassalos de primeira linha. As mudanças impostas pela população islandesa (ou islandense?) são de cair o queixo, ainda mais da forma que foram feitas, sem lideranças, sem hierarquia. Aquele nível de consciência é o terror dos grandes vampiros.

O país, sob um governo tipo neoliberal, comprado pelos poderes econômicos, tinha ido à falência diante das imposições do FMI e companhia. Empréstimos gigantescos haviam sido feitos e deveriam ser pagos com o sacrifício do povo, cortes de direitos no trabalho, de verbas na educação, na saúde, privatização comendo solta, aquela velha história que todos conhecemos na própra pele.O povo andava nas filas, até de comida. A estrutura da Islândia entrou em colapso. Os recursos se esvaíam pra pagar dívidas públicas com os bancos internacionais e como sempre, o primeiro a sofrer é o povo.

Mas a população se organizou num movimento organizado, sem lideranças e com permuta nos cargos da organização. Assim, foi às ruas, ao governo e aos parlamentos, tomou os poderes, levantou um plebiscito, pressionou os parlamentares e deu uma banana pros banqueiros. Vocês que fizeram a dívida, vocês que a paguem. No dinheiro do povo não se toca.

Então as pessoas desatrelaram os poderes financeiros, FMI e a corja toda, e tomaram conta da situação. Perceberam o quarto poder, o financeiro-midiático, o "poder da riqueza", enquadraram com leis, limitaram "doações" a partidos e estabeleceram transparência. Pararam com a destruição do meio ambiente, em nome do lucro. Os movimentos não tinham líderes, mas impuseram uma constituinte que se baseou na da Bolívia e do Equador no trato com a natureza, com um respeito muito acima dos interesses financeiros. O processo tá detalhado no filme abaixo.

Pessoas físicas não podem ser proprietárias de meios de comunicação "para não fazerem lavagem cerebral nas pessoas, como fizeram antes". Houve a preocupação de tornar as informações totalmente acessíveis, pra que todos pudessem saber o que acontece no país.

Houve a estatização dos setores estratégicos. "Se deixarmos todos os recursos em mão privadas, vamos perder todos e nunca mais os veremos."

Na reestruturação da sociedade, "não demos tanta atenção ao colapso, ou ao problema financeiro em si. Nós nos concentramos mais nos motivos que deram origem. Se deseja liberdade, tem que assumir a responsabilidade."

Os "clubes de poder" dos biliardários foram detectados, como também a tendência, caso a população não se organizasse pra exercer o poder, de haver conflitos, massacres de cidadãos em protesto contra as más condições de vida, pelas forças de segurança, perigo de "guerra civil, de sangue nas ruas".

Injetou-se sangue do povo no parlamento, com membros escolhidos aleatoreamente, sem curso superior porque eram a maioria e conheciam a realidade popular, porque perceberam que essas pessoas tinham "a tendência de se posicionar sempre a favor da população", avessos aos jogos políticos de interesses e vaidades do poder.

Esse filme devia passar nas universidades. Mas as instituições não farão isso. Alguns professores, talvez.
Na minha opinião, deveria ser dublado pra passar nas periferias, entre a população.

Tachos, Panelas e Outras Soluções

16 comentários:

  1. Não dá pra contar com uma ajudinha dá mídia mesmo, jamais que vou ligar a TV a me deparar com uma notícia dessas.

    Grande Atitude essa do pessoal da Islândia, que fique de exemplo.
    Você tem mais detalhes de como eles se organizaram? quem começou, como se espalhou e o tempo que levou até conseguir um consideravel número de pessoas para o prostesto.

    È uma pena mesmo não ter alguem igual a você na televisão, Eduardo. mas não podemos contar com ela.

    Uma curiosidade, sabemos que esses caras da televisão sempre está bem ligado nas coisas que acontece aqui na internet, creio que eles já tenham visto algum video seu, ou alguma outra coisa sobre você.
    Você acha que existe alguma possibilidade de um dia algum programa convidar você pra ir até lá falar sobre você e algum tema especifico ?
    você aceitaria o convite deles ?

    Falow !!!

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  2. A Islandia possui apenas 320.000 habitantes e o governo de lá não tinha uma força coercitiva muito grande, isto é, não tinha militares e policiais em larga escala para reprimir as revoltas populares. Isso sem contar que a população política de lá, os membros do governo, são a niveis risíveis, muito menores que no Brasil ou em demais países do mundo.

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  3. Só me diga uma coisa: Com tudo na mão do estado, quem vai proteger o cidadão do estado? Isso não é democracia é ditadura popular. E ainda acho que isso se voltará contra eles. Quem viver verá.

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  4. Que ditadura o que, rapá! Isso sim é a democracia! Democracia direta. Como tem de ser.

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  5. É isso aí! A mídia jamais divulgaria uma noticia dessas!

    Uma matéria sobre a situação politica uruguaia seria interessante também, já que seu presidente José Mujica tem um estilo de vida sem luxos e doa 90% de seu salário. Paralelo a isso, como caminha a politica e economia do Uruguai?

    Um abraço!

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    1. Boa Rafael, temos muito que aprender com nosso vizinho..Estive lá e posso dizer: O Uruguai tem muito a nos ajudar a refletir sobre o tipo de vida que levamos.

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  6. Qdo o estado é a propria coletividade, qem precisa de proteção?

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  7. Não se ofenda com o que vou falar, mas tá tudo muito bom, muito bonito lá na Islândia, que é menor que, pelo menos, 30% das cidades brasileiras.

    Esse tipo de manifestação só ocorre em pequenas escalas mesmo, como cidades ou vilarejos que é a representação verdadeira desse país.

    Para acontecer algo desse naipe no Brasil muita coisa tem que mudar, a começar pela população.

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    1. Não vou tão longe. Sugeri apenas o estudo do caso, que é um ótimo exemplo, esclarecedor a respeito de como funciona a sociedade em que vivemos. Formar opiniões e pontos de vista é direito e obrigação de cada um. Não exercidos por muita gente, mas não deixam de ser por isso.

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  8. Sinceramente, sem querer ofender ninguém, mas muitas pessoas deveriam expandir sua cabeça. Número só é obstáculo quando não há organização. Até porque, 300 mil pessoas é gente pra caramba, embora não pareça.

    O problema é o seguinte: por que nós só nós movimentamos na crise? E outra, será que o ego não falará mais alto quando a poeira baixar? Minhas experiências políticas mostram que a mesquinhez é a pior inimiga de um ideal, e ela rola solta por aí.

    Quanto ao Brasil, me pergunto como implantar algo verdadeiramente democrático numa sociedade verdadeiramente opressora e truculenta. E não to falando só no alto escalão não, to falando em todos os níveis. Claro, não é todo mundo que faz isso, porém me parece que questões como homofobia, preconceito étnico e outras questões não são práticas de uma minoria da população.

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  9. Muito interessante, um exemplo dado ao mundo de que é possível viver em uma sociedade mais justa e seria com a vida, onde toda a população exerce o seu poder participando de todos os debates e discussões a respeito do que realmente importa para a vivência harmoniosa de uma comunidade, respeitando uns aos outros e dando valor a opinião de qualquer habitante. Verdadeira democracia.

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  10. Estava tudo bem até aos 1:00:55 onde o bom senso foi dar uma curva. A economia nao tem de ser democrática, porque raio teria? Se fosse nao seria economia. De resto excelente.

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  11. excelente, gostei muito. Mudou meu modo de pensar!

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  12. Eduardo Marinho, os meus PARABÉNS por esta sua página e MUITO OBRIGADA POR PARTILHAR este excelente trabalho que é digno de MUITA DIVULGAÇÃO! :)

    Para qualquer pessoa que ACREDITE que O PODER ESTÁ NAS MÃOS DO POVO, e que lute no seu dia-a-dia para que isso seja não apenas um SONHO de alguns, mas sim uma REALIDADE, então... Que se prepare! Pois, este é um documentário de EXCELÊNCIA, que JAMAIS poderá perder! É muito mais do que um simples documentário, é uma verdadeira AULA DE CIDADANIA! :)

    Aproveito para partilhar também uma página que publiquei no meu blog, com outro vídeo sobre a Islândia. Não sei se já conhece...

    Aconteceu na Islândia
    http://euprocuroeuencontro.blogspot.pt/2013/02/aconteceu-na-islandia.html


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