quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Casas Marcadas - evidência do desrespeito.

Sociedadezinha vergonhosa.

Não há outro termo. O frenesi da copa, que assanhou esse punhado de grandes empresários, enxovalha ainda mais a farsa democrática, cada vez mais descarada. A população mais pobre é tratada como papel higiênico, que se usa e joga fora. Mãos pobres plantam os alimentos desde sempre - e as favelas foram inchadas com a expulsão de camponeses das suas terras pelos interesses dos grandes fazendeiros, que tomavam as pequenas propriedades com infinitos recursos, todos espúrios, desde falsificação de documentos com a cumplicidade dos cartórios até a pura e simples expulsão a tiros - ou o assassinato -, passando por variedades de terrorismo. Mãos pobres fazem ruas e prédios, preparam alimentos, carregam caixas, transportam, limpam, lavam, consertam, desentopem, exploradas até o talo, dão lucros, servem, trabalham pra manter a sociedade funcionando.

Os profissionais da política (porque políticos somos todos, conscientes ou não) mentem, fingem, sorriem e juram lealdade à população que traem, em seu cotidiano dos gabinetes, atendendo aos ricos financiadores e enganando seus eleitores, sem pudor. Enganando o povo, já devidamente sabotado em instrução e informação, narcotizado por uma mídia criminosa, induzido ao consumo como valor social e acreditando na grande mentira de uma falsa democracia. Nunca houve democracia, o parlamento desde sua criação é um balcão de negócios para os mais ricos, os concentradores de renda exploradores do povo e ladrões das riquezas públicas. O jogo é sujo, nos gabinetes limpos, suntuosos e refrigerados. Se a pose é nobre, a conduta é de dar nojo. Os políticos profissionais demonstram clara e cotidianamente a quem servem.

As forças de segurança são impedidas de desenvolver qualquer tipo de consciência cidadã. São levadas a atacar a população em suas manifestações ou em suas casas, quando há algum interesse empresarial envolvido. Moral e consciência são reduzidas ao cumprimento de ordens, sejam quais forem. E os policiais que manifestarem qualquer incômodo de consciência são reprimidos, perseguidos, ultrajados, acusados de "fraqueza". Força moral não existe pros comandantes, só a força bruta. "Você não é pago pra pensar" é frase comum entre militares. Obediência cega, destruição da própria humanidade, com todos os problemas que isso causa nos corações e mentes de policiais honestos e bem intencionados.

O terrorismo da marcação de casas nas comunidades "juradas de morte" pelo poder público é mais um crime contra a população. Em sua arrogância, políticos desprezam o povo. Jogam pra mídia aliada, acatam seus patrões financiadores, usufruem dos favores empresariais sem constrangimento, aviões, iates, mansões, em troca dos seus serviços "público-privados".

Como se encaixar numa sociedade estruturada dessa forma? Pra mim é impossível. Recuso os valores vigentes e recrio meus próprios valores, a cada dia. As correntes da escravidão contemporânea são feitas com mentiras. E essas correntes têm força na medida em que acreditamos nelas. Elas se unem umas às outras, como elos de ferro. Quando se percebe o encadeamento das mentiras, quebram-se os elos e aí se pode pensar por conta própria. Estamos enganados, eis o princípio. As verdades não páram de aparecer, nos atos e nos acontecimentos cotidianos - é preciso ler a sociedade com olhos próprios.

Mudando a visão de mundo, muda-se o comportamento, muda-se o mundo, muda-se o sabor da vida.

8 comentários:

  1. Cara, só um recado... Não pare de se expressar! Nunca! Sua revolta se multiplica, a mensagem vai sendo disseminada na sociedade aos poucos...

    Leio, e a situação vai se encaixando, a verdade vai aparecendo.

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  2. "É preciso ler a sociedade com olhos próprios." Há tempos isso já vem sendo feito. Falta comprar a briga literalmente. Estamos ai.

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    1. A luta precisa ser decisão própria. A minha foi tomada faz tempo. Aos outros não me cabe cobrar. Ser a mudança que queremos é imprescindível. Ficar cobrando e acusando os que não estão ainda em condições é uma arrogância inútil que no máximo provoca conflitos estéreis, dispersões, cegueira e preconceito. Quando se descobre o sentimento de viver nessa lida, na contra corrente, com valores próprios e serenidade de consciência, é impossível viver convencionalmente, da maneira imposta, com os olhos no chão.
      Grande abraço.

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  3. Boa tarde!
    Acho este blog o melhor da internet. Tenho aprendido muito aqui. Mas, eu gostaria que você me respondesse uma pergunta: sou uma pessoa pobre em recursos financeiros; portanto, preciso de um emprego para suprir minhas necessidades básicas. Como se desvencilhar um pouco das amarras do sistema, sendo que eu terei que me comportar de forma convencional para ser contratada e me manter no emprego?
    Desde já agradeço a atenção!

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    1. Deve ser porque você não anda muito na internet... rs
      Emprego é igual a patrão. Exploração. O ideal seria autonomia, ter um trabalho que não dependa de um emprego. Ou ter uma qualificação tão alta que garanta a louvação do sistema e um bom pagamento. Mas nesses casos, em geral, o preço moral é muito alto. No mínimo, livrar a cabeça e perceber que essa inferioridade imposta pela situação econômica é ilusão plantada, um condicionamento, nada mais. Os patrões não costumam gostar de pobre que não se sente inferior. É preciso achar alguma exceção a essa regra.

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  4. Brilhante resposta, Eduardo. Muito obrigada!

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  5. http://www1.folha.uol.com.br/poder/1234825-banco-imobiliario-exalta-as-realizacoes-do-prefeito-do-rio.shtml

    Mais uma da prefeitura Eduardo Paes. Lavagem cerebral na criançada é golpe sujo!

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