quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Ilusões plantadas


Estamos engatinhando na superação das ilusões, na busca de valores reais. No momento a engrenagem social - seqüestrada pelos interesses econômicos de uma casta mínima de mega-empresários, apoderados dos poderes políticos, das máquinas estatais, com o controle das mídias - impõe valores, comportamentos e faz de tudo pra manter a superioridade da forma sobre o conteúdo. Um dos trabalhos de libertação, senão o principal, é aprender a pensar por si mesmo, sentir por si mesmo, independente dessas pressões absurdas e predominantes. São nossos valores, objetivos e comportamentos o que sustenta esse sistema perverso, essa sociedade injusta. Porque não são nossos de verdade, mas implantados de todas as formas imagináveis e inimagináveis. Precisamos criar nossos próprios valores. Ou recriar. Mudar nosso comportamento, nossa maneira de viver. Não é fácil a princípio, mas depois que se começa, impossível parar sem o sentimento de rendição. A frustração é predominante nessa vida sem sentido que nos é imposta. E os paliativos não satisfazem aos que buscam algum sentido na vida. A recomendação, sob ameaça, é óbvia - acomode-se ou sofra. Submeter-se é jogar a vida no lixo e, talvez, só se tocar tarde demais. Compor com o caminho da frustração é impossível, é preciso mentir muito pra si mesmo pra acreditar em tanta mentira. Que venha a discriminação.

Na recusa do aprender, a dor se faz mestra.

14 comentários:

  1. Isso me lembra muito a letra do Point of no Return da música "Tela":

    "Permitir o roubo de sua visão
    É render-se aos olhos do opressor."

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  2. Estamos vivendo o auge da ALIENAÇÃO! Poucos estão atentos ao acirramento do Sistema na tentativa desesperada de manter tudo, nos "conforme". Será que é tão difícil, enxergar? Será que é tão difícil analisar, holisticamente?
    Ainda acredito numa reviravolta extraordinária! Não sei como ela poderá se apresentar; mas, está próxima; sinto isso, no ar!

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  3. "Na recusa do aprender, a dor se faz mestra.", é uma frase para se guardar. É difícil mudar o caminho quando todos apontam para o mesmo, o mais fácil. Muitos falam em mudar de vida, mas fica apenas por isso, o importante é não desistir e lutar contra uma sociedade onde domos de empresas é quem ditam os valores.

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  4. Esse texto é, praticamente, um resumo de certos pensamentos que carrego comigo não é de hoje e que não sumirão amanhã, nem tão cedo. É preocupante, é pra se pensar, é pra reagir.
    E quem planta ilusões, colhe mais ilusões ainda. Nessa plantação que estamos costumador a ter, quando um pézinho de realidade passa a nascer, achamos que é erva daninha e o arrancamos de lá.

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  5. http://www.youtube.com/watch?v=Sgd4xLmLBrc Da servidão moderna - Jean-François Brient

    Pra quem num viu, vale a pena!!

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  6. Acho que largar a televisão é um ótimo começo e meio caminho andado. Parece ter funcionado comigo e com alguns amigos.

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  7. "Estamos engatinhando na superação das ilusões, na busca de valores reais."

    Já parou pra pensar que engatinhamos nessa busca para os tais "valores reais" porque na verdade eles não são reais de fato? E então somos bloqueados por essa incógnita...

    A HONESTIDADE que temos que ter com nós mesmos é que na verdade todos os valores são ilusões. Quando somos manipulados para acreditar que um determinado valor é diretamente ligado à quem você é, cria-se uma distorção de entendimento no "EU" - no "QUEM EU SOU". Acredito que o caminho seja corrigir essa distorção de entendimento para a pessoa tornar-se consciente.

    Honestidade: ser livre de engano.

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  8. Os processos constitutivos de alienação evoluíram para a coisificação de tudo e de todos, em todas as esferas sociais, políticas e econômicas da sociedade. Tornamos os seres humanos em coisas que compram e consomem coisas, e como tal, as coisas "nós" estamos presos nas correntes deste fetiche. Romper com o atual estado de coisas exige e exigirá ao longo dos anos e décadas uma união muito grande e na minha opinião quase improvável de superação de tudo isso. Acredito que os Partidos que se proclamam de esquerda ou extrema-esquerda não representam essa superação. Somente a educação com sua melhoria, poderá superar isso, tornando os pobres, os descamisados, o povo em geral, racionais de sua condição. Vivemos um verdadeiro Big Brother via Faustão, via Gugu, via Pedro Bial em cadeia nacional todos os dias, mantendo o povo em sua condição, com escolas que ainda não conseguem libertar os alunos e alunas de seu estado de coisificação. O PT em 2002 para muitos era parte deste sonho, e hoje sabemos que não. Como será daqui para frente? É esperar para ver, mas não estou otimista quanto à isso.

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    1. Quem anda nas periferias vê movimentações novas surgindo, tomadas de consciência bem gradativas, sem a interferência inferiorizante de academias - embora também existam trabalhos acadêmicos, que são poucos, perto do que acontece. Do alto não se vê como do chão. E no chão não se vê como do alto. É preciso considerar, sempre, que as raízes estão no chão, onde começa a vida. Tudo muda o tempo todo. Hoje há fontes de informação acessíveis fora do controle midiático, e os vazamentos aumentam. O processo é lento, mas inexorável. Não é uma questão de otimismo ou pessimismo, mas de visão de mundo, de realismo.

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  9. Se o realismo que você vê em relação a periferia, ao que está em processo de mudança, seja ela lenta, ou gradual, levar a um novo paradigma, a uma nova afirmação de sociedade, então teremos um mundo que na premissa de sua organização estará baseado em quais fundamentos?

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  10. Olha, você me desculpa, mas não consigo colocar na minha mente tamanha devoção que demosntra ao outro em todas as esferas da sociedade num processo de mudanças. Se vivemos essa mudança que você diz, historicamente teremos resistência quanto ao "amor irrestrito". Os donos das grandes empresas, as grandes corporações que na verdade nem tem um dono real, muitas vezes, donos em geral, organizados em círculos elitizados totalmente distantes deste amor, totalmente distantes da solidariedade e do real. Eles irão resistir, farão de tudo, e gastarão muito dinheiro para convencer o povo que o atual sistema é o melhor, que a vida que as pessoas vivem é essa mesma, de competição, de alienação, de coisificação, de trabalho e de esforço. Superiores e inferiores, essa marca que o sistema impôs a todos nós, ao longo da existência do sistema capitalista desde o final do século XV só vem provando como somos incapazes de olhar para o próximo com amor. Veja você mesmo o caso de Belo Monte, a presidente Dilma, que lutou contra a ditadura militar, pegou em armas em prol de uma sociedade justa e igualitária, com amor e sabedoria, agora vira as costas para uma das bandeiras que talvez um dia ela acreditou. O poder corrompe, não só financeiramente, mas alma de todos. O PT, foi corrompido na alma, a esquerda brasileira levou um golpe que infelizmente demorará décadas para cicatrizar, e essa busca pelo amor, em defesa dos pobres, em defesa de todos os seres humanos, buscando uma nova forma de se relacionar, de se viver, não virá expontaneamente sem o controle da mídia, sem o controle dos meios de comunicação, sem o controle por parte até do "Estado". Adoraria ter essa visão que você, mas respeito e admiro, do fundo do meu coração, porque vejo que o único caminho as vezes seria esse mesmo. Mas, como sou um infantil pessimista de sempre, não consigo enxergar dessa forma.

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    1. Não consegue colocar na mente porque não é pra colocar na mente. Não dá. É pra colocar no sentimento, no coração. Mais difícil pra quem não tem prática. A razão é arrogante, mas não pode muita coisa nesses assuntos. Sentir é mais que saber. O sentimento é mais humilde e tolerânte, por isso mais sábio - não confundir saber com sabedoria. A estrutura político-partidária foi desenhado pra não poder realizar mudanças, além das cosméticas. Mudanças estruturais, nem pensar, pois quem construiu está no topo e controla os fios.
      O sistema impõe, mas nós reproduzimos seus valores impostos, como se fossem nossos. Assumimos os valores impostos e os praticamos nas relações. O trabalho revolucionário começa dentro de si mesmo. Sem isso, vemos seres superiores apontando caminhos improváveis, substituindo talvez os preconceitos sociais e econômicos por preconceitos intelectuais. Teóricos que ficam na teoria e não vão à prática igualitária, permanecem teóricos, com medo das favelas - mais um condicionamento - e de pobres. A política é um poder cênico, não é real. É o teatro das marionetes, onde a minoria riquíssima controla os fios. E ai de quem pisar fora da risca.

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