terça-feira, 31 de janeiro de 2017

O Rio Doce precisa de quelação urgente - ou Atenção Rio Doce: COENTRO!!

Eu não conhecia quelação, não sabia que existia, não lembro de já ter ouvido essa palavra. O mais perto que já ouvi foi quelóide, essas cicatrizes inchadas que se vê por aí. Hoje me caiu essa palavra e junto com ela a importância. Quelação é a ação de elementos quelantes que retiram metais pesados do corpo humano.

A região inteira do rio Doce, os mais de oitocentos quilômetros do maior vale do sudeste, foi transformada no maior depósito de metais pesados a céu aberto do mundo, emanando metais pra todo lado. O mar do Espírito Santo, da Bahia, do Rio de Janeiro, pouco a pouco mas sem parar, recebe pela foz do rio toneladas de resíduos da mineração, permanentemente, a cada segundo, desde novembro de 2015. O oceano está contaminado em vastas áreas e lentamente o fundo vai sendo recoberto com essa lama tóxica, que afunda a uma certa distância e segue cobrindo algas, pedras e areia. Os peixes se contaminam e são pescados - a indústria da pesca não pode parar - vão pras mesas e são comidos. Não é minha intenção apavorar ninguém com este cenário apocalíptico, mas é o que eu tô vendo. Do outro lado do mundo, Fukushima despeja radioatividade no oceano Pacífico há anos. Bom, mas isso nem vem ao caso agora.

Todo mundo que mora na região do rio Doce, e subindo pelo rio do Carmo e Gualaxo do Norte, está contaminado de metais pesados. Não tem escapatória, uns mais, outros menos, mas todos, gente, bicho, planta. Em Barra Longa, já na época do desastre, vimos a poeira subir por toda cidade, depois de cair vazando dos caminhões que a retiravam das tuas e praças à beira rio e passavam pelo centro e secar ao sol. Os mais pobres ribeirinhos não tem outro recurso que usar a água dos poços, pra não morrer seco - estes não contam com o Estado nem com ninguém, apesar dos esforços pontuais. Pesquise-se sobre as doenças que surgiram, que aumentaram, que estão lotando os precários postos de saúde pública, e se constatará a situação alarmante de que não se fala na mídia, no Estado, no mercado financeiro-mega-empresarial. Sem falar no êxodo em curso, quem pode está deixando a região, mudando pra outras plagas menos infestadas.

No quadro catastrófico, a quelação surge como uma necessidade. É preciso estabelecer formas de retirada de metais pesados dos corpos. E um vegetal cheio de elementos quelantes é o - pasmei quando li - coentro. O vale do rio Doce precisa se tornar uma gigantesca plantação de coentro, é preciso enfiar coentro goela abaixo até dos cachorros. A tragédia do rio Doce está no percurso, as conseqüências estouram em todo lado, a todo momento, o tempo todo, desde o estouro da barragem dos venenos mortais. A realidade em toda região se tornou tenebrosa. E as pessoas continuam vivendo, sem entender bem o que acontece, consciências entorpecidas ou maltratadas demais.

Peguei informações num saite cheio de publicidade, daí copiei e colei as receitas, creio que dá pra inventar mais um monte. Evito publicidade sempre que posso. E peguei de outros também, com informações a respeito do assunto. Simples e direto.

Esse informa sobre o que é quelação - http://zenholistico.blogspot.com.br/2012/05/desintoxicacao-e-quelacao.html

Instruções


  1. 1
    Consuma 1/4 de xícara de folhas e caules de coentro fresco picados diariamente por três semanas. Se consumir mais, isso não fará mal. Mastigue o coentro picado puro ou misture-o a sopas e saladas.
  2. 2
    Faça o molho pesto. Misture um dente de alho médio, meia xícara de qualquer castanha, 3/4 de xícara de coentro fresco, uma colher de sopa de suco de limão e cinco colheres de sopa de azeite de oliva. Tempere com sal marinho a gosto e sirva com seu prato de massa preferido.
  3. 3
    Tome algumas gotas de coentro para a quelação oral. A erva também está disponível na forma de extrato. Siga as instruções de seu médico ou da embalagem do produto.
  4. 4
    Realize a quelação intravenosa se quiser que um profissional oriente o processo. A quelação intravenosa de coentro envolve administrar uma mistura de ervas, incluindo o coentro como ingrediente principal, em sua corrente sanguínea.
Esse vídeo fala sobre as contaminações rotineira da vida por metais pesados, em pastas de dentes, placas de alumínio, tintas, vernizes e inúmeras outras formas de contaminação que não se percebe, no cotidiano. Aí se vê que todo mundo precisa, embora no rio Doce não há comparação, é nível de explodir os medidores, está acima da imaginação. https://www.youtube.com/watch?v=SeCtFzmuLXQ

O que é preciso é um prato de coentro de manhã, outro no almoço e outro no jantar. Terapia de massa pro vale do rio Doce e pro litoral da Bahia, do Espírito Santo e do Rio de Janeiro. Por enquanto. Não é nem pra melhorar a qualidade de vida, é mais pra diminuir a deterioração, o sofrimento, manter as capacidades de ação.

Outros alimentos que também retiram metais pesados do corpo são a castanha do pará, a couve, alho, cebola, couve-flor, alga clhorella. (http://espacodosol.com/blog/?p=6843)


sábado, 28 de janeiro de 2017

Primeiros passos... chegando na Bahia.

Essa entrevista improvisada - a da postagem anterior - marcou a saída dessa tão cavada viagem que, da partida em diante foi só melhorando, sempre muito aos poucos e na tensão de experiências anteriores em anteriores viagens. Celestina, a kombi, estava pronta pra partir. Ouvido atento aos ruídos do motor, passamos na casa do Cláudio pra pegar os painéis de exposição e saímos do Rio dez e meia da noite. Contava com o frio na serra pra subida em marcha lenta e altas rotações, como refrescante pro motor. Com um terço da carga plena, já era um peso pro motor amaciando. Mas foi tranquilo, esquentou um pouco, paramos no alto da serra, olhei, tava quente mas tudo certo, pequeno vazamento de óleo, coisa da cebolinha velha, que tá ligada na pressão do óleo.
Parada pra dormir, em Minas ainda. Amanhece o dia.

Seguimos pelos vales e montanhas a noite toda, às oito e meia demos uma parada, dormi duas horas e seguimos. Era a região do vale do Rio Doce, Valadares e região em volta. Febre amarela é assunto, tá todo mundo vacinado aqui, diz o frentista do posto. Em outro posto, os caras se orgulham da água, essa é de nascente própria, água limpa, pura, aqui no posto mesmo. A televisão fala do surto localizando o centro em Teófilo Otoni. Mentira, dispersão, deslocam o centro pra fora do vale, ao norte do verdadeiro foco. No rio Doce, morreram todos os sapos e peixes, os predadores dos mosquitos, que comem suas larvas e mosquitos vivos aos milhares. Não se ouve mais nenhum sapo, mas sim as nuvens de mosquitos. As autoridades fingem que não acontece nada de grave, as conseqüências mais visíveis são tratadas sem se mencionar as causas, como um favor do Estado. As conseqüências menos visíveis as sofrem os invisíveis sociais. Se a gente quer saber alguma coisa, tem que saber perguntar - tá todo mundo sem foco, mas quando se fala nos metais pesados que mataram o vale, todos concordam. E se muda de assunto. A televisão não fala disso, não deve ser assim tão importante. Não se sabe o que são crimes sociais cometidos por um Estado corrompido pelo poder econômico, não se sabe o que a televisão não diz. Entre os maiores crimes sofridos pela sociedade está o controle das comunicações e as mentiras compulsivas, repetidas, distorcendo, ocultando, difamando, apresentando falsidades científicas.

Entramos na Bahia, a paisagem vinha se modificando pouco a pouco, agora era a beleza grandiosa do sertão nordestino se apresentando aos poucos. Passamos Jequié, entramos na direção de Santo Antônio de Jesus, cruzamos uns quilômetros da rodovia litorânea, fomos pra ilha de Itaparica e chegamos em Salvador de barco. Eu tava sem máquina, mas o Adro registrou um momento dessa travessia que queimou todo mundo de sol.
Na embarcação, todos no convés, até o Roquenrou, que não aparece na foto.


No dia seguinte, fomos atrás da tal cebolinha, em São Cristóvão, bairro periférico entre Itapuã e o aeroporto, cheio de lojas de produtos automotivos, mecânicas e atividades ligadas - coincidência, no Rio também São Cristóvão tem uma área grande na mesma linha. Aliás, né São Cristóvão o padroeiro dos motoristas? Chegamos lá no momento exato em que um grupo de pessoas periféricas bloqueava uma das pistas, com madeiras, pneus e fogo. Parei a kombi do lado, atravessei a rua, achei a peça em duas lojas, comprei a mais barata e fui à manifestação. Um adolescente havia sido morto numa operação policial, estudante, trabalhador. Lágrimas, sofrimento, menino bom, amoroso, apegado à família. A mãe não chorava. Em seus olhos havia ódio. Outra menina gritava que o irmão foi preso baleado e não se dava notícia dele, essa chorava entre os gritos. O Estado contra o povo, as instituições desumanizadas, é a mesma coisa em toda parte. As periferias fornecem mão de obra e recebem exploração, sabotagem, violência e morte.

Primeiro uma pista, depois as duas foram ocupadas.


A ira justa, sociedade criminosa.










Partimos pra Feira de Santana, dois dias depois de chegar em Salvador - não fomos nem à praia. Num centro cultural, Pé de Alegria, Aline Cerqueira armou um encontro, um papo, uma exposição pras coisas que faço, e lá fomos nós. Chegamos cedo, arrumamos desenhos, livrinhos, fanzines, quadrinhos, depois vi Clara abrindo camisas - vieram poucas, nem lembrei delas. A conversa rolou solta, mais de duas horas, e as participações no final coroaram o encontro, até que deu o tempo e tivemos que parar, estava ficando tarde e os ônibus iriam acabar. Dali fomos pra Feira Seis (VI), bairro universitário perto da UEFS, onde fiz uma palestra no ano passado. E fomos os últimos a sair do boteco. Vinícius nos convidou pra dormir na casa de Igor - pode parecer estranho, mas foi isso mesmo - e saímos de lá no dia seguinte, pelo final da manhã. 
Entrevista antes...

...palestra depois, no Pé de Alegria.

Pegamos a estrada do feijão, vimos o sol se por antes de chegar na estrada de terra que leva ao Capão, a partir de Palmeiras. 
Roquenrou olha o fim de tarde se aproximando.
 Seguimos viagem, chegamos à noite no Vale. Fim de semana em exposição, vamos a Lençóis pra isso. E lá arrumamos a base pra começar os trabalhos novos que esperam pra serem feitos.
Parada na estrada do feijão, durante o por do sol.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Na UTI da Celestina, Adriano Barros pergunta. Na Abolição.

Essa entrevista foi feita no melhor estilo, o do acaso. Adriano me viu parado na esquina da rua dele, na oficina onde a kombi se aprontava pra estrada, passou no ônibus, desceu no ponto seguinte. Quando chegou eu já não estava. No dia seguinte, quando cheguei pra buscar a viatura da viagem, ele apareceu, celular em punho e perguntas escritas... que ele já tinha utilizado em outras entrevistas.








sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Saindo pro nordeste, afinal.

Kombi finalmente pronta. Ou aparentemente pronta, a viagem é que vai dizer. Marcada pro início de novembro, só agora vamos poder subir no mapa. Estamos carregando a Celestina, fechando o telhado da casa pras chuvas durante a ausência, dando os acabamentos nas coisas. Dias nublados são melhores pra viajar, economiza tudo.

A rota é BR-116, passando pela 101 a caminho da ilha de Itaparica, onde atravessaremos pra Salvador. Aliás, espero fazer a primeira exposição aí, na cidade da Bahia, em algum lugar. Se houver convite, melhor, palestra-se e se expõe - é preciso repor a grana gasta no deslocamento. De Salvador vamos pro Vale do Capão, onde tem sossego e inspiração pra fazer novos originais, coisa que no Rio não tenho tido tempo pra fazer.

Do Capão é possível sair pra palestras e exposições, num raio de duzentos quilômetros, mais ou menos. Vamos estar precisando vender.

Celestina em Ouro Preto. Não vamos passar por aí, mas a foto é bonita.

observar e absorver

Aqui procuramos causar reflexão.