domingo, 19 de julho de 2020

Luta ou lida, morte e renascimento.


Eu não tenho luta, tenho lida, serviço, labuta. Não me deixo levar pela indução de que a vida é competição e que as formas de se inconformar com a sociedade são através do confronto, da luta, da disputa. Essa é a indução profunda que se impõe ao inconsciente coletivo e é preciso perceber pra não se deixar levar. Os que fazem o alicerce da sociedade precisam receber o que lhes é de direito e lhes foi roubado pela própria estrutura da sociedade, montada por poucos, podres de ricos, exploradores das populações e saqueadores dos territórios que envenenam, com seus resíduos.
Instrução, informação, condições pra desenvolver o senso crítico, a compreensão da realidade e a auto-estima dos atualmente sabotados e explorados que não só fazem tudo o que se vê, como botam pra funcionar, fazem os reparos e sustentam o Estado com a maior parte da carga tributária. Esse cumprimento da lei maior, da constituição federal, pelo estado é o que pode formar uma nova sociedade, que será construída não pelas minorias que têm acesso aos seus direitos e a privilégios, mas pelos que constróem, hoje, esta sociedade desumana, injusta, covarde, perversa e suicida. Os sentimentos de superioridade são tão induzidos quanto os de inferioridade.
Tenho uma certeza intuitiva que é desse meio, abandonado às suas dificuldades e vetado no acesso aos seus direitos constitucionais, sabotados, explorados e agredidos que virá a sabedoria coletiva e a resistência, a capacidade de superação das dificuldades que se apresentam. É preciso que o Saber se apresente à Sabedoria, com humildade e senso de dívida coletiva, com os que foram roubados nos seus direitos de ter uma ótima escola, uma formação sólida, informação verdadeira, casa decente, respeito das instituições, superando dificuldades que os fazem mais fortes, mais capazes de superar dificuldades e de se harmonizar entre si. Sem consciência dessa força, ao contrário, se sentindo mais fracos, mais incapazes, trabalho profundo do massacre midiático, publicitário e ideológico, em condições sociais preparadas pra causar esses sentimentos de desvalor.
Aqui não se trata de “romantizar a pobreza”, caráter não tem classe social, não tem gênero, não tem idade, não tem etnia, religião, escolaridade, caráter é pessoal. O que digo é que entre as pessoas boas, sinceras, e são muitas, estão as mais sábias – sempre raridade, em qualquer meio –, as mais fortes, conformadas com uma “fraqueza” artificial, uma inferioridade psicológica, social, induzida. Por falta de conhecimento, por falta de senso crítico, por falta do cumprimento dos seus direitos.
O saber começa a chegar nas periferias, nas áreas pobres. Ainda pouco, ainda nascendo, esse movimento não tem volta. É preciso que o Saber chegue na Sabedoria pra que a sociedade se encaminhe pra harmonia social.
Toda iniciativa neste sentido merece apoio social, embora institucional não se possa contar. É preciso multiplicar por conta própria e coletiva até que se consiga – com a formação de consciência, através das gerações - fazer o estado cumprir a sua constituição. Ou construir outro estado, outra sociedade, porque essa parece estar se acabando. É o que sinto e espero. É preciso morte e renascimento social. Cada fim corresponde a um começo.


7 comentários:

  1. Sem palavras... você diz tudo com clareza e simplicidade!!

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  2. Boa noite.
    Já acompanho você a algum tempo e admiro sua clareza de pensamento, sem a névoa disseminada pela elite protegida, desta forma.
    Realmente, umas das jóias valiosas no cascalho.
    Obrigado.
    👏🏿✌🏿✊🏿

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  3. Eduardo azul Marinho
    Na Kombi azul celeste
    Rodando nesta terra azul anil
    Espalhando ideias azul claras

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  4. O eterno espiral quântico do tempo ,o fim e so o começo!!

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  5. Depois da morte de José Saramago pensei que nunca haveria uma pessoa iluminada e com tanta profundidade. Sou um português de Portugal e já te sigo algum tempo. Tudo de bom para a tua caminhada.

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